As mudanças climáticas são uma preocupação mundial e afetam diretamente políticas e atividades de corporações de todos os países. A MRS reconhece a importância de sua contribuição na busca por uma transição energética mais sustentável e acredita que a sua participação passa, necessariamente, nos esforços para redução de emissão de gases de efeito estufa (GEE), pela mitigação e adaptação dos impactos das mudanças climáticas em seu negócio e pela transparência e compromisso no compartilhamento das informações com seus stakeholders. Ao mesmo tempo, o setor ferroviário entende ser parte da solução para redução das emissões de GEE no setor logístico nacional, visto que um trem carregado pode emitir até três vezes menos que o setor rodoviário e contribuir assim para que o transporte de cargas no Brasil seja menos emissor.
Reafirmando sua busca pela adoção das melhores práticas, a Companhia é signatária do Acordo de São Paulo. Comprovando sua evolução no tema, em 2022, a MRS aumentou sua nota de D para C no caderno de mudanças climáticas do CDP (Carbon Disclosure Project), uma importante ferramenta utilizada por investidores, compradores e governos durante o processo de tomada de decisões, considerando informações de gestão de risco, oportunidades e impactos socioambientais. E, pela primeira vez, publicou o inventário na plataforma pública do Programa Brasileiro GHG Protocol, controlada pela FGVces, e recebeu a premiação Selo Ouro, pelos dados completos de escopos 1, 2 e 3 de emissões auditados por terceira parte independente. Essa é a mais alta classificação, comprovando a qualidade e confiabilidade de seus dados. Os dados relativos às emissões de GEE compõem metas de ESG para a alta direção e desde 2022 há um indicador de acompanhamento interno para medir mensalmente a evolução das emissões absolutas e específicas advindas do consumo de diesel pela frota ferroviária.
A emissão total da MRS em 2022 foi de 555,8 mil toneladas em CO2eq para o escopo 1 (emissões diretas), representando 5,1% de aumento em comparação a 2021, motivado principalmente pelo aumento no volume de cargas transportada, o que consequentemente fez com que mais diesel fosse consumido. Os valores foram de 58,3 bilhões de TKU em 2022, 2,87% maior do que no período anterior.
As emissões absolutas para o escopo 2 (energia) foram de 1508,3 mil toneladas de CO2eq em 2022, comparando com os dados de 2021, houve melhora em cerca de 63,2%, motivado pela diminuição do fator de emissão do sistema nacional, ocasionado principalmente pela redução do uso de termelétricas movidas a carvão para gerar energia para o mercado nacional.
Desde 2021, a MRS quantifica suas emissões de escopo 3 (emissões indiretas). Em 2022, houve aumento nas categorias inventariadas, que passaram a incluir parte das as categorias 1 (bens e serviços comprados), 2 (bens de capital) e 4 (transporte upstream), em complemento as categorias 6 (viagens aéreas e hospedagens de colaboradores), categoria 5 (destinação de resíduos) e categoria 3 (análise de vida útil do insumo diesel), que já haviam sido inventariadas também no ano anterior. Salienta-se que as emissões foram calculadas retroativamente ao ano base de 2019. Os resultados foram 40,2% menores que o ano de 2021 e 1,5% menores que o ano base de 2019. Esse resultado ocorreu pois a companhia adquiriu menos insumos como, principalmente, dormentes e brita, o que impacta diretamente nos cálculos de emissões de produção desses materiais.
Emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE)
(em toneladas de CO2eq)
Além das emissões de GEE, a MRS monitora periodicamente outras emissões atmosféricas, como os parâmetros MP (material particulado), NOx e SOx, realizados em algumas oficinas de manutenção e nas operações na malha ferroviária. Historicamente, os resultados estão abaixo dos limites previstos na Resolução CONAMA nº 491/2018 e são reportados periodicamente para o órgão ambiental licenciador da Companhia.
Com foco na mitigação do impacto ambiental de suas operações e na melhoria da qualidade do ar para comunidades lindeiras à ferrovia, a MRS está com um plano robusto para ampliação do uso dos aspersores de polímeros, utilizados para reduzir o arraste eólico de partículas durante o transporte de cargas com baixa granulometria em vagões abertos. Em 2022 a empresa instalou uma planta de aspersão no município de Pindamonhangaba (SP), que possui como foco aspergir transportes de coque verde de petróleo e minério, ambos transportados em vagões abertos. Além disso, a Companhia já possui uma planta de aspersão em Barra Mansa (RJ) e o planejamento inclui a implantação em três novas localidades – Jeceaba (MG), Sarzedo (MG) e Itaguaí (RJ). O investimento total previsto para a implantação desses projetos é de cerca de R$ 29 milhões, sendo que cerca de R$ 4,8 milhões já foram dispendidos em 2022. As emissões atmosféricas resultantes do transporte de cargas são monitoradas periodicamente com o apoio de consultorias especializadas, seguindo duas metodologias aprovadas pelo órgão ambiental licenciador da empresa: monitoramento na malha ferroviária e em oficinas de manutenção de ativos pelo equipamento Hi-Vol; e monitoramento nos vagões durante o transporte de cargas com potencial de arraste eólico, com envio periódico dos resultados para o órgão ambiental licenciador. O Sistema de Gestão Ambiental da MRS unifica e controla os dados gerados durante os monitoramentos, propiciando análise contínua pelo corpo analistas e especialistas da empresa.
A MRS utiliza a quantificação das emissões totais em gCO2eq/TKU (tonelada por quilômetro útil) como um dos indicadores de eficiência de suas operações. Em 2022 a Companhia registrou 9,52 gCO2eq, um aumento de 2,2% em comparação ao ano anterior, motivado principalmente pelo aumento de transporte em fluxos menos eficientes, como carga geral, impactaram a eficiência da operação.
Emissões específicas
(gCO2eq/TKU*)
*TKU: Tonelada por quilômetro útil, ou seja, somente o peso da carga multiplicado pela distância transportada.
Emissões biogênicas
(tCO2eq)
A MRS possui uma ferramenta que mede, de forma efetiva, os ganhos sustentáveis da logística multimodal (ferrovia + rodovia), apontando a redução na emissão de CO2 desse modelo frente ao rodoviário: o transporte ferroviário pode emitir até 3x menos que caminhões emitiriam para transportar a mesma quantidade de carga. Acesse aqui.
Aumento da velocidade dos trens em pontos chave da ferrovia, sem aumento de consumo de energia, usando a inércia do trem para economizar;
Aprimoramento da condução pelos maquinistas, com uma condução eficiente;
Utilização de locomotivas mais eficientes, com motores a diesel com menor emissão e teste de locomotivas híbridas;
Aumento da produtividade das locomotivas, melhorando o giro de ativos e relação de HP por TB (Potência de Locomotivas por Tonelada Bruta);
Redução do tempo de locomotivas ligadas desnecessariamente.
O gráfico a seguir mostra as emissões evitadas pela MRS através de seu programa de renovação de frota e eficiência energética, medido através das emissões praticadas pela atividade de consumo de diesel pelas locomotivas.
Nos últimos anos, as iniciativas que a MRS vem conduzindo para melhorar a eficiência energética permitiram que a Companhia evitasse a emissão de mais de 1,2 milhões de toneladas de gases de efeito estufa (GEE), caso os índices de consumo de combustível de 2011 continuassem. (Saiba mais aqui)
Emissões evitadas
(tCO2e)
Para lidar com as consequências das mudanças climáticas, a MRS mantém uma estrutura de gestão permanente dos impactos das chuvas e das secas nas ferrovias. São realizadas continuamente ações proativas, corretivas e de controle ao longo de toda a malha ferroviária e entorno.
Períodos com alto volume de chuva, como ocorreu no início de 2022, levam inúmeros desafios à MRS para a manutenção da segurança. Para se manter à frente dos riscos e se preparar cada vez mais adequadamente, a Companhia está investindo na disponibilização dos equipamentos necessários para a rápida correção de eventuais problemas e mantém contrato com a Climatempo para monitoramento de toda a malha ferroviária, com previsibilidade das ocorrências climáticas em espaço curto de tempo. Para ampliar a abrangência da iniciativa, mantém algumas estações meteorológicas ao longo da malha.
Problemas decorrentes do clima, como alta pluviosidade, inundação de linhas ou terminais, quedas de barreiras, entre outros, podem ser diretamente informados à Companhia por meio de canais de comunicação próprios.
Em 2022, com o apoio de uma consultoria especializada, foi concluído o mapeamento corporativo de riscos e oportunidades decorrentes das mudanças climáticas no negócio da MRS, considerando riscos físicos e de transição, com mensuração da criticidade seguindo a linha do framework TCFD (Task Force on Climate-Related Financial Disclosures). O trabalho terá desdobramentos plurianuais, sobretudo no que se refere ao aprofundamento nos cenários climáticos dos itens de maior criticidade e projeções financeiras dos impactos para a MRS.
No período de seca (abril a outubro), a MRS mantém um planejamento preventivo para redução dos pontos vulneráveis visando ter o menor impacto possível durante a época das chuvas (novembro a março).
Em 2022, em decorrência do Plano de Chuva, foram realizadas 86 reuniões com as áreas envolvidas no tema, 20 reuniões gerenciais de alinhamento, emitidos 984 alertas amarelos (restrição de circulação) e 458 alertas vermelhos (paralisação da circulação), com 314 ocorrências de falhas relacionadas à chuva. Todas as iniciativas do Plano de Seca foram incrementadas no período em relação a 2021 e incluíram 22mm/m2 de atividades de roçada e poda, 8 mil quilômetros de atividades de capina química, limpeza de 1.534 bueiros 975 mil metros de limpeza de canaletas e 70.955 metros de aberturas de valas. As fortes chuvas que assolaram a malha em janeiro de 2022 foram imprevisíveis e acima dos registros históricos. Para retirada das interrupções causadas, ocorreram atendimentos emergenciais nas áreas com circulação afetada. Além disso, também foram necessárias obras de engenharia para soluções definitivas como retaludamento, solo grampeado e instalação de equipamentos para monitoramento das áreas afetadas em tempo real.
O consumo de energia da MRS decorre, principalmente, da operação ferroviária e das unidades de apoio para desenvolvimento das atividades da ferrovia. As fontes de energia da Companhia concentram-se no consumo de óleo diesel, combustível não renovável e na eletricidade adquirida.
Para se manter alinhada ao compromisso de redução do impacto de suas atividades no meio ambiente, a MRS opta pela aquisição de energia no mercado livre, equipamentos com menor consumo e locação de fazendas solares.
Em 2022, o total de energia consumida pela MRS foi de 28 milhões de kWh de eletricidade. Desse total, aproximadamente 86% foi adquirida pelo mercado livre de energia do tipo incentivada, em que as fontes de geração de energia são renováveis, oriundas de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), solar, eólica e biomassa. Assim, houve aumento de cerca de 16% no consumo de energia renovável quando comparado a 2021.
A Gerência de Serviços Compartilhados monitora os valores gastos com energia elétrica, bem como os eventuais desvios e desperdícios. O tratamento dos desvios tem um impacto muito significativo na otimização dos recursos para MRS, podendo até reduzir a precificação do transporte para nossos clientes.
Consumo de energia dentro da organização
(Em GJ)
A MRS no avanço da agenda climática se relaciona diretamente à necessidade de uma matriz energética mais eficiente, consumindo menos diesel com maior transporte de carga. O custo do combustível é um dos mais relevantes para a Companhia, fator que, somado ao comprometimento da MRS com uma agenda positiva sustentável, confere extrema relevância ao tema.
Cerca de 99% das emissões de escopos 1 e 2 da MRS são provenientes da combustão do diesel nas locomotivas durante o transporte ferroviário de cargas. Por isso, a companhia trabalha fortemente na renovação de sua frota ferroviária, com ganhos expressivos de eficiência sempre que há substituição. Para médio e longo prazos, a MRS estuda a incorporação de máquinas híbridas (diesel e baterias) que são menos dependentes do diesel e menos emissoras.
A MRS monitora a eficiência energética de suas operações por meio da medição da quantidade de litros consumidos no transporte de 1 mil toneladas brutas em um quilômetro (litros por TKB). O indicador global aponta a eficiência combinada dos três grupos de carga em que a Companhia atua: Minérios, Agrícolas e Carga Geral. O acompanhamento permite a identificação de oportunidades de ganhos visando a melhora dos índices de eficiência energética, como isolamento de locomotiva, aumento de Velocidade Média Autorizada (VMA), aumento de peso dos trens, alteração em ponto de cadenciamento, melhorias no padrão de condução, entre outras.
Eficiência Energética
(Em litros/kTKB)
Como resultado das iniciativas, em 2022, o indicador global de eficiência energética atingido pela MRS foi de 2,489 L/kTKB, indicando uma redução pouco acima de 1% no combustível orçado para o período. O número representa uma economia superior a 2 milhões de litros de óleo diesel. Por ser um indicador global, os dados de eficiência energética passam por auditorias periódicas pela área de Auditoria Interna, tanto no que se refere a geração dos valores de meta quanto no cálculo dos valores reais.
Anualmente, a MRS estabelece KPIs, gerados automaticamente por um sistema de medição, para cada um dos segmentos de cargas com foco na redução de combustível, mantendo a segurança e a qualidade das operações. Para inspirar novas iniciativas, é realizado continuamente benchmarking com as principais ferrovias do mundo. Em 2022, cabe destaque para a revisão de paradigmas preestabelecidos de locação de recursos e processos, o que permitiu à Companhia, sem um volume relevante de investimentos, alcançar os desafios propostos para o período. Para 2023 estão previstos investimentos em projetos de manutenção que contribuirão para o aumento da velocidade dos trens e, em consequência, para uma economia expressiva. Também está prevista a modernização dos simuladores atualmente utilizados, permitindo análises de condução com novas perspectivas e mais velocidade.
Consumo de energia dentro da organização
(Em GJ)
Os resultados das cargas dos grupos Minério e Carga Geral (94% da produção de TKB em 2022) registraram melhora na comparação com o ano anterior, com uma redução de 1,17% e 2,11% respectivamente no índice de eficiência energética. Vale ressaltar que no segmento Minério, foi o melhor resultado já alcançado na história da MRS. A representatividade do volume de minério é determinante para o resultado da eficiência energética global, já que é o grupo de carga com melhor eficiência energética dentre todos e qualquer redução de sua representatividade afeta diretamente no indicador global.
Em Agrícola, o resultado foi abaixo do esperado se comparado a 2021, com uma alta de 3,52% no indicador. O desempenho foi afetado pelo aumento do volume do grupo em relação ao orçamento, tendo sido necessária a utilização de locomotivas menos eficientes para o transporte por conta do restante da frota premium já estar alocada a outros fluxos de transporte.
Para 2023, a meta de eficiência global estima uma redução de aproximadamente 2,3 milhões de litros de diesel em relação a 2022, número que será ajustado ao longo do ano a partir do mix de produtos e volume a ser transportado.
Eficiência Energética
(Evolução Global)
Em 2022, a MRS também continuou a reduzir o Transit Time do minério de ferro (cálculo do tempo que se leva no transporte da carga da origem ao destino), em função da continuidade de melhoria de performance do Trem Não Tripulado (TNT) e de ganhos operacionais.
Com a formalização da Renovação da Concessão, a MRS tem uma perspectiva de renovação da frota nos próximos anos, com a aquisição de aproximadamente 150 locomotivas para substituição de modelos antigos que deixarão de ser utilizados. Quando finalizado, o processo deverá levar a Companhia a um novo patamar de eficiência nas operações.
Transit Time
(tempo da origem até o destino)